Como a revolução do home office impacta o setor imobiliário?

2 de agosto de 2021

Durante décadas, um dos maiores indicadores de prestígio de uma empresa era sua propriedade: um imponente prédio de escritórios de grande porte era o sinal tangível de uma empresa de verdadeiro sucesso.

Mas essa ideia está mudando à medida que cada vez mais pessoas abandonam o modelo tradicional de trabalho. Isso está acontecendo em todo o mundo – no Reino Unido, por exemplo, 15% dos funcionários trabalham em casa, enquanto na Índia esse número já chega a 50%.

Como resultado, a grande queda no número de pessoas aderindo ao modelo tradicional de trabalho está fazendo com que esses grandes edifícios se tornem mais vazios, com menos vida, ou seja: lugares cada vez menos atrativos.

Para os corretores, isso pode ser visto como uma ameaça aos seus resultados financeiros, à medida que seu portfólio pode se tornar cada vez mais obsoleto.

O relatório de 2020 da consultoria SiiLA, não acalma os nervos. O mercado de escritórios em São Paulo está desmoronando à medida que empresas desocupam prédios comerciais caros em meio à turbulência econômica provocada pela pandemia do COVID-19.

A consultoria afirma não ter visto a taxa de vacância aumentar tão drasticamente nos últimos 13 anos. Entre as empresas que desocuparam prédios comerciais estão as operadoras regionais LATAM e Oracle.

O futuro é vender espaço de trabalho, não apenas escritórios

É verdade que os trabalhadores não gostam muito do escritório tradicional – mas eles também não gostam de trabalhar somente em casa. Portanto é fundamental oferecer-lhes um espaço intermediário entre os dois, combinando acessibilidade e um ambiente profissional voltado para as pessoas. Mas como?

O WELL Building Standard (WELL) tem uma abordagem holística para a questão da ocupação de ambientes internos. Proprietários, gerentes de instalações e projetistas estão se tornando cada vez mais conscientes dos elementos ambientais que afetam a saúde e o bem-estar – como a qualidade do ar, água, luz, acústica e conforto geral.

Quais são os materiais que podemos usar que emitem produtos químicos menos nocivos? O que incentivará uma melhor ventilação e qualidade do ar para diminuir a proliferação de doenças?

Uma das missões da certificação Well é fazer com que os tomadores de decisão entendam como um edifício saudável pode ser um investimento com foco nos resultados financeiros de uma organização. 

Claro que nenhum tipo de certificação é capaz de eliminar a possibilidade de os inquilinos contraírem ou espalharem qualquer tipo de doença infecciosa. O que elas oferecem é um padrão garantido de qualidade do ar e ventilação, que são os fatores mais importantes na redução das transmissões aéreas.

Qualidade do ar

Dentro de cada conceito Well 1 e Well 2, existem pré-requisitos e ‘otimizações’, que são complementos opcionais que aumentam a pontuação. Dependendo da pontuação de um edifício, sua certificação Well pode ser prata, ouro ou platina, nessa ordem.

Na versão dois da certificação, uma das opções para otimização do ar são lâmpadas de luz ultravioleta germicida para descontaminar os filtros do ar condicionado, e a utilização de ionização rádio catalítica, tecnologia que descontamina ar e superfícies de ambientes ocupados de forma contínua, proporcionando um nível altíssimo de segurança microbiológica. Vírus, bactérias, fungos, odores e diversos microorganismos são eliminados protegendo as pessoas de inúmeras doenças infecciosas.

Trata-se do recurso mais moderno disponível hoje no mundo em termos de qualidade do ar interior, utilizado por hospitais, aeroportos, edifícios governamentais, escolas e muitas outras instituições que precisam lidar com a alta rotatividade de pessoas.

Além de um nível de excelência em saúde, outros fatores podem incentivar os colaboradores a voltarem para os escritórios. Para muitas pessoas, a falta de contato com os colegas é o ponto negativo do home office. Portanto, criar espaços que melhorem a conexão entre as pessoas no local de trabalho é algo muito pertinente. Áreas abertas, ensolaradas, ambientes de descanso e convivência bem iluminados, com conforto acústico e presença de verde são alguns dos recursos ao alcance dos administradores.

Uma pesquisa da norte americana Gensler sugere que o acesso a ar puro, janelas operáveis ​​e espaço ao ar livre melhoram muito a experiência das pessoas no trabalho. Não é surpresa que incorporadores e proprietários vêm adicionando cada vez mais sistemas de purificação de ar interno, varandas, pátios e outras comodidades para atender à demanda dos inquilinos.

Com relação aos investidores do setor comercial, a grande questão será como diferenciar um ativo dos demais. Como se pode ter certeza de que seu escritório é aquele onde os inquilinos e seus funcionários desejam ir? O que fará de um escritório um destino atraente em um mundo pós-COVID?

Não há dúvida de que o setor imobiliário será permanentemente transformado após a pandemia. Mas felizmente, novos desafios sempre trazem novas oportunidades.

Fontes:

https://www.regus.com/work-us/en-us/revolutionising-how-to-sell-workspace/

https://www.siila.com/post/2021-is-the-year-of-the-return-of-corporate-properties-in-s%C3%A3o-paulo

https://www.gensler.com/blog/measuring-outdoor-amenities-with-boma-2017-office

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