Um “edifício saudável” é projetado, construído e operado de maneira a apoiar e melhorar a saúde e o bem-estar de seus ocupantes. Isso inclui otimizar aspectos críticos do ambiente construído, como qualidade do ar, iluminação, ergonomia, e utilização de materiais que são seguros e benéficos para a saúde humana. A ideia é que o ambiente construído não apenas minimize seu impacto no meio ambiente, mas também promova um ambiente interno que sustente a saúde física, mental e social.
A Importância dos Edifícios Saudáveis
Nos últimos anos, a conscientização sobre como o ambiente construído afeta diretamente a saúde e a produtividade das pessoas tem crescido substancialmente. Estudos têm demonstrado que elementos como a qualidade do ar interior, a exposição à luz natural e até mesmo a escolha de materiais de construção podem influenciar tudo, desde o desempenho cognitivo até o bem-estar psicológico dos indivíduos. Assim, os edifícios saudáveis tornam-se essenciais não apenas para melhorar a qualidade de vida, mas também para reduzir custos com saúde e aumentar a eficiência no trabalho.
Origem das Certificações de Edifícios Saudáveis
As certificações voltadas para edifícios saudáveis surgiram como uma resposta a essas descobertas e como uma forma de estabelecer padrões que garantam as melhores práticas na construção e manutenção de ambientes construídos. À medida que mais pesquisas destacaram a relação direta entre o ambiente construído e a saúde dos ocupantes, organizações de todo o mundo começaram a desenvolver sistemas de classificação e certificação para orientar projetistas, construtores e proprietários na implementação de práticas saudáveis em edifícios.
Essas certificações servem como uma referência para a implementação de medidas que abordam desde a qualidade do ar e acessibilidade à água potável, até a utilização de espaços que promovem atividades físicas e interações sociais. Além disso, muitos desses padrões são projetados para serem integrativos, incentivando uma abordagem holística que considera todos os aspectos da saúde humana no design e operação dos espaços.
Principais Certificações de Edifícios Saudáveis
- WELL Building Standard
Foco: O WELL Building Standard é pioneiro em focar exclusivamente na saúde e bem-estar dos ocupantes. A certificação examina sete conceitos fundamentais que impactam a saúde humana e o bem-estar no ambiente construído: ar, água, nutrição, luz, fitness, conforto e mente.
Critérios: O WELL é baseado em desempenho, o que significa que os edifícios devem passar por testes e avaliações após a ocupação para verificar se atendem aos rigorosos padrões estabelecidos. Por exemplo, a qualidade do ar é medida através de parâmetros como níveis de VOCs (Compostos Orgânicos Voláteis), dióxido de carbono e filtragem de ar.
Aplicação: WELL é amplamente aplicado em escritórios corporativos, mas também está expandindo seu alcance para setores como educação, comércio e até residencial.
- Fitwel
Foco: Fitwel é uma certificação que foi desenvolvida por especialistas em saúde pública e é administrada pelo Center for Active Design. O foco está mais em intervenções de saúde pública que podem ser integradas no design e operações de edifícios e comunidades.
Critérios: Fitwel assessora uma variedade de estratégias que são pontuadas e que contribuem para um score total. Essas estratégias incluem acessibilidade a transportes públicos, promoção de escadas acessíveis e visíveis, disponibilidade de áreas para atividade física, e políticas de controle de tabaco.
Aplicação: Esta certificação é mais flexível em termos de aplicabilidade, podendo ser usada tanto em edifícios novos quanto em renovações, e é aplicável a uma variedade de tipos de edifícios, desde escritórios até habitações e escolas.
- LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)
Foco: O LEED é uma das certificações mais antigas e amplamente reconhecidas para construções sustentáveis. Embora o foco principal seja a sustentabilidade ambiental, o LEED também aborda a saúde dos ocupantes, especialmente através de sua ênfase na qualidade ambiental interna.
Critérios: Os critérios do LEED incluem eficiência energética, uso eficiente da água, redução de emissões de CO2, melhoria da qualidade do ar interior, e gestão de recursos e sensibilidade ao impacto ambiental. A qualidade do ar interior, por exemplo, é avaliada com base na ventilação, filtragem de ar e uso de materiais com baixas emissões de compostos nocivos.
Aplicação: LEED pode ser aplicado a uma ampla gama de construções, incluindo edifícios comerciais, residenciais, escolas e hospitais. Existem várias versões do LEED, cada uma destinada a diferentes tipos de projetos.
Benefícios das Certificações de Edifícios Saudáveis
- Aumento da Produtividade dos Ocupantes
Estudos demonstram que edifícios com melhor qualidade do ar, iluminação natural adequada e design ergonômico podem aumentar significativamente a produtividade dos ocupantes. Por exemplo, a pesquisa da Harvard T.H. Chan School of Public Health encontrou que a produtividade pode aumentar em até 8% em ambientes com boa qualidade do ar. Além disso, estudos indicam que a iluminação natural pode melhorar a produtividade em até 5% ao reduzir a fadiga e melhorar o humor dos trabalhadores.
- Redução de Custos com Saúde
Edifícios certificados, como aqueles com a certificação WELL, são projetados para reduzir riscos de saúde, resultando em menos dias de doença entre os ocupantes e, consequentemente, menores custos de saúde. Um estudo de 2019 publicado pelo “International Journal of Environmental Research and Public Health” mostrou que edifícios com melhor qualidade do ar interior podem reduzir os sintomas de doenças respiratórias em até 34%, o que pode se traduzir em economias significativas em termos de custos médicos e perda de produtividade.
- Valorização Imobiliária
A certificação LEED, por exemplo, tem sido associada a uma valorização imobiliária significativa. Imóveis com certificação LEED podem alcançar um prêmio de preço de venda de até 20% em comparação com edifícios não certificados, segundo um estudo da “Building and Environment”. Além disso, a demanda crescente por imóveis sustentáveis e saudáveis pode aumentar a taxa de ocupação e reduzir os períodos de vacância.
- Economia Operacional
Edifícios certificados pelo LEED e outras certificações focadas em eficiência energética e de recursos demonstram redução nos custos operacionais. Segundo dados do U.S. Green Building Council, edifícios LEED podem economizar de 30% a 50% no uso de água e de 25% a 30% na utilização de energia, comparado a edifícios padrões sem certificação. Essas economias traduzem-se diretamente em reduções nos custos de operação a longo prazo.
- Atração e Retenção de Talentos
Empresas que ocupam edifícios saudáveis e sustentáveis frequentemente relatam maior facilidade em atrair e reter talentos. Um relatório do “World Green Building Council” aponta que trabalhadores são geralmente mais satisfeitos e menos propensos a deixar empregadores que demonstram preocupação com o ambiente de trabalho e sustentabilidade. Isso pode reduzir custos significativos associados à rotatividade de funcionários e recrutamento.
Conclusão
Os benefícios financeiros de investir em certificações de edifícios saudáveis são claros e apoiados por uma crescente base de evidências. Além das vantagens econômicas diretas, como economias operacionais e aumento da produtividade, há também vantagens intangíveis, como a melhoria da imagem corporativa e a satisfação dos ocupantes, que, embora mais difíceis de quantificar, são igualmente valiosas para as organizações modernas. Investir em edifícios saudáveis é, portanto, não apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma decisão estratégica inteligente que pode levar a um retorno financeiro substancial.