Cabine de desinfecção é eficaz no combate ao coronavírus e segura à saúde?

15 de junho de 2020

Atenta à difusão das chamadas cabines, câmaras e túneis para a desinfecção de pessoas, por motivo da pandemia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa –  divulgou a Nota Técnica 51/2020, para esclarecer e alertar a população, tanto sobre a falta, até o momento, de evidência científica sobre a eficácia desse tipo de equipamento, assim como sobre a sua segurança às pessoas.

O documento aborda que, por mais tempo que a pessoa permaneça nesses equipamentos, a desinfecção não é garantida, além desse tipo de mecanismo não possivelmente não inativar o vírus dentro do corpo humano.

Isso sem falar em danos à saúde. Alguns dos produtos usados como saneantes e aprovados pela Anvisa, tais como Hipoclorito de sódio, Peróxido de hidrogênio, Quaternários de amônio, por exemplo, são destinados à limpeza e higienização de superfícies, móveis, bancadas, pisos, objetos e paredes, entre outros. Em contato com a pele ou aplicados diretamente sobre ela, podem causar danos e efeitos adversos.

Já o Ozônio, que também pode aparecer nesse tipo de equipamento de desinfecção, pode causar problemas nas vias respiratórias, irritação nos olhos e, dependendo da quantidade, até mesmo o óbito. 

A Ecoquest, que há mais de 14 anos atua na descontaminação de ambientes internos, informa que há outros tipos de tecnologias para descontaminar ambientes, com eficiência comprovada, aprovação dos órgãos responsáveis e com 100% de segurança à saúde dos ocupantes. São elas luz UV, fotocatálise e o ozônio.

A tecnologia de descontaminação por meio de luz UV-C ou luz ultravioleta germicida (UV-C 100 a 280 nm sendo 253.7 nm a mais comum) consiste na instalação de lâmpadas na serpentina evaporadora do de ar-condicionado, para eliminação do bio-filme (colônia de fungos e bactérias) que cresce com a umidade e temperatura elevadas, principalmente quando o equipamento está desligado impregna a mesma.

Diversos estudos comprovam que, se usada na intensidade correta (ASHRAE estabeleceu níveis mínimos de irradiação de 50-100 μW / cm² na face da serpentina) são capazes de eliminar a carga microbiológica presente no sistema, trazendo, além dos benefícios á saúde, vantagens econômicas devido à dispensa da limpeza com uso de produtos químicos da serpentina e manutenção da performance de troca de calor da mesma, que poderia ser afetada em até 37% para um biofilme de 0,002” .

É importante observar que o uso da luz UV influi diretamente na melhor higienização do equipamento e consequentemente do ar que passa por ele, mas não possui efeito na descontaminação das superfícies e no ambiente tratado.

Ainda há muita discussão no meio científico sobre a viabilidade econômica e eficácia dessa tecnologia na inativação de vírus, fungos e bactérias no ar em movimento em um sistema de ar condicionado, pois teríamos que ter uma baixíssima velocidade, distância (grande quantidade de lâmpadas), alta intensidade de irradiação (o tempo de exposição muito pequeno) para que pudéssemos garantirmos a inativação. Dessa forma, a utilização da luz ultravioleta germicida (UV-C) na descontaminação de serpentina evaporadoras de equipamentos deve ser aplicada para melhora da eficiência e higienização do sistema de ar-condicionado.

A tecnologia da fotocatálise consiste na produção de oxidantes naturais baseados em oxigênio e hidrogênio, sendo o principal deles o Peróxido de Hidrogênio (H2O2). Este gás natural e inócuo é produzido através de células fotocatalíticas instaladas nos dutos de ar-condicionado ou através de equipamentos portáteis instalados nos ambientes.

Várias são as vantagens da fotocatálise, entre elas a descontaminação microbiológica constante nos ambientes sem produção residual de ozônio, como a tecnologia IRC- Ionização Rádio Catalítica. 

Essa tecnologia passou por testes em laboratórios homologados pelo FDA seguindo os protocolos por ele recomendados que comprovaram a redução de 99,999 % do vírus MS2, de mesma estrutura celular do COVID-19, em 30 minutos comprovando a sua eficiência no combate a esse tipo de microrganismo. Ela também possui estudos de validação dos  mais renomados órgãos nacionais como o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicos).

É importante ressaltar que o grande desafio da fotocatálise é o seu dimensionamento. Sua eficiência está diretamente ligada ao dimensionamento realizado pelo critério das empresas fornecedoras. Como o peróxido de hidrogênio é produzido com a ajuda da umidade ambiente, células que possuem coberturas hidrofílicas tem maior capacidade de produção.

A fotocatálise é uma tecnologia disruptiva e com comprovada eficácia na inativação de vírus, fundos e bactérias no ambiente e nas superfícies, portanto um grande aliado  no combate ao Covid-19

Outra tecnologia disponível é a que atua na descontaminação por meio do ozônio. Quando se fala de descontaminação por tecnologia ativa, surge o questionamento sobre a segurança de soluções que usam ozônio.

O gás ozônio é formado por três moléculas de oxigênio (O3) e é sabido que tem papel fundamental na proteção da Terra contra a incidência dos raios UV. Da mesma forma, o ozônio é um excelente oxidante, reduzindo consideravelmente os microrganismos em ambientes internos, quando utilizado de forma correta.

Por apresentar características oxidativas, agindo sobre alguns Compostos Orgânicos Voláteis e promovendo a descontaminação, quando utilizado em altos níveis, o ozônio pode ser prejudicial à saúde. Dessa forma, o EPA permite exposição máxima de 0,05 ppm (partes por milhão) ao gás.

Já o OSHA (Ocuppational Safety and Healthy Administration) do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos (correspondente ao Ministério do Trabalho no Brasil) permite exposição máxima de 0,1 ppm (partes por milhão) de ozônio em ambientes de trabalho durante permanência máxima de 8 horas diárias.

No Brasil, o Ministério do Trabalho, através da Norma Regulamentadora (NR 15), indica, no Anexo 11, exposição máxima de 0,08 ppm (partes por milhão) para jornadas de trabalho de até 48 horas por semana e ainda classifica o ozônio com grau de insalubridade máximo no caso de sua caracterização.

Existem empresas que utilizam o ozônio para descontaminação em ambientes desocupados, com resultados excelentes. Como a meia-vida do ozônio é muito curta, não existe residual após sua aplicação e ventilação adequada do ambiente. O uso de ozonizadores em ambientes ocupados só é recomendado quando há o monitorado constantemente, cuidando para que não sejam ultrapassados os níveis estipulados pelos órgãos públicos.

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