Os seres humanos estão expostos à poluição do ar em quase todos os lugares. A Organização Mundial da Saúde estima que 99% da população mundial respira ar poluído todos os dias. Jogadores de xadrez competindo em ambientes fechados não são exceção.
Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de Maastricht (Holanda) e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) analisou a qualidade das jogadas de xadrez em vários torneios alemães. Eles descobriram que os especialistas em xadrez têm pior desempenho quando há mais material particulado (PM2,5) no ar.
Algumas das ameaças que a poluição do ar representa para a saúde humana já são conhecidas. Por exemplo, o ar ruim aumenta o risco de sofrer doenças cardíacas, derrames e certos tipos de câncer.
Mas a pesquisa recém publicada reforça que a má qualidade do ar pode estar ligada também a uma redução no funcionamento cognitivo.
O estudo
Os pesquisadores estudaram o desempenho de 121 jogadores de xadrez em três torneios separados entre 2017 e 2019. Eles avaliaram mais de 30.000 jogadas usando um software de computador que identificou decisões ideais e sinalizou erros significativos.
Uma série de fatores pode interferir no desempenho de um jogador. Isso inclui ruído do tráfego, temperatura e poluentes do ar, incluindo PM2,5 e CO₂. Os autores investigaram o impacto de cada um e descartaram todos os fatores, exceto PM2,5.
Cada torneio durou oito semanas. Medindo as concentrações de PM2,5 dentro do local do torneio, foi possível determinar como as variações na qualidade do ar estavam relacionadas às mudanças no desempenho do jogador. Ao longo dos torneios, as concentrações de PM2,5 variaram de 14 a 70 microgramas (μg) por metro cúbico de ar. A exposição a tais concentrações é comum em muitas cidades ao redor do mundo e é classificada como moderada a insalubre pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
Para um aumento modesto em PM2,5 (10 μg por metro cúbico de ar), os jogadores de xadrez tiveram 26,3% mais chances de cometer um erro. A análise do computador julgou que os erros que eles cometeram foram 10,8% piores do que um movimento ideal teria sido.
Mas o impacto da qualidade do ar no jogo aumentou quando os jogadores estavam sob maior pressão. A cada aumento em PM2,5, os jogadores de xadrez cometeram maiores erros no jogo. Nos dez lances finais, quando é necessária concentração máxima, a gravidade dos erros aumentou 20,2% em comparação com os jogadores que atuavam em um ambiente com ar puro.
Custo e soluções
Os jogadores de xadrez que foram estudados na pesquisa tomam decisões como qualquer outro profissional qualificado que precisa agir em situações complexas sob condições estressantes.
Portanto, o estudo traz implicações para quem toma decisões sob pressão em ambientes com baixa qualidade do ar interno, o que pode inclusive aumentar o custo econômico global associado à poluição do ar. O Banco Mundial estima que esse custo seja hoje de US$ 8,1 trilhões a cada ano.
À medida que a ciência avança no sentido de desvendar os impactos da baixa qualidade do ar sobre a cognição humana, cresce também a nossa responsabilidade em dar mais protagonismo ao assunto: a qualidade do ar precisa ser uma prioridade, tanto governamental quanto empresarial.
Felizmente, a ciência também avança no desenvolvimento de meios capazes de proporcionar um ar mais limpo e descontaminado, como é o caso das tecnologias com as quais a Ecoquest trabalha.
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Fontes:
https://news.mit.edu/2023/chess-players-tough-foe-air-pollution-0130
https://pubsonline.informs.org/doi/epdf/10.1287/mnsc.2022.4643