Saúde e bem-estar dos ocupantes virou foco de certificações de edifícios

8 de dezembro de 2021

O foco agora são os espaços saudáveis, que garantem também qualidade de vida, saúde física,
mental e social dos ocupantes

Por Manoel Gameiro* para a revista Exame


Proporcionar mais saúde e bem-estar às pessoas tornou-se uma tarefa para o mercado
de real estate.

O debate em torno desse tema intensificou-se desde o início da
pandemia, afinal, passamos cerca de 80% do nosso tempo dentro de locais
construídos.

Deixamos, portanto, de falar apenas em edifícios sustentáveis, eficientes e
com baixo consumo de recursos naturais. O foco agora são os espaços saudáveis, que
garantem também qualidade de vida, saúde física, mental e social dos ocupantes.

Uma recente pesquisa realizada pelas entidades internacionais Bentall GreenOak,
Center for Active Design e United Nations Environment Programme Finance Initiative,
mostra que 92% dos investidores imobiliários têm expectativas de que a demanda por
edifícios saudáveis cresça nos próximos três anos. E 86% deles afirmam que querem
implementar mais ações de bem-estar e saúde em suas empresas.

As vantagens dos edifícios saudáveis são comprovadas e envolvem maior produtividade dos ocupantes,
redução do absenteísmo, retenção de talentos, além de melhoria da reputação das
empresas.


No que se refere a qualidade do ar, melhoria nos sistemas de ventilação e filtragem,
controle da umidade relativa do ar entre 40% e 70% e uso de novas tecnologias são parâmetros essenciais para garantir a biossegurança.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos sugere que os custos associados à poluição do ar interno — e que podem ser evitados — supera os US$ 100 bilhões anuais, com 45% dos custos
atribuíveis a mortes por radônio e fumaça de tabaco ambiental, cerca de 45% a perda
de produtividade e cerca de 10% a doenças respiratórias.


Nessa onda de mudanças, que também reforçam os princípios ESG (Environmental,
Social and Corporate Governance), as certificações Well e Fitwell, por exemplo, vêm
ganhando cada vez mais destaque e interesse. O selo Well tinha 49 projetos
registrados em 2014, quando foi lançado. Neste ano, conta com mais de 6 mil registros,
segundo levantamento da consultoria CTE (Centro de Tecnologia de Edificações).


Desenvolvida pelo International Well Building Institute (IWBI), a WELL inclui dez tópicos
de validação: ar, água, nutrição, iluminação, movimento, conforto térmico, som,
materiais, comunidade e mente.


Já o Fitwell, criado pelos Center for Disease Control and Prevention (CDC) e o General
Services Administration (GSA), ambos dos EUA, também prioriza o bem-estar dos
ocupantes. E conta com mais de 2,4 mil projetos registrados em mais de 40 países.
Lançado em julho de 2020 em resposta à pandemia de covid-19, o módulo Well HealthSafety Rating tem foco em estratégias para garantir uma ocupação segura dos espaços
construídos.

Centrado em políticas operacionais, protocolos de manutenção e planos de
emergência, inclui 32 estratégias, das quais pelo menos 15 precisam ser atendidas.
Em todo o mundo, o Well Health-Safety Rating vem sendo aplicado em edificações de
grande e de pequeno porte, incluindo escritórios, comércio, instalações médicas e
instituições de ensino.

O selo não requer auditoria presencial. Bastante ágil, tem seu
processo inteiramente realizado por meio de políticas e testes realizados e
encaminhados ao órgão certificador.

*Manoel Gameiro é Diretor Nacional de Vendas da Ecoquest.

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