Pesquisa mostra efeito do mofo no controle da asma

18 de setembro de 2025

Boletim Técnico – Setembro/2025

Ecoquest / MOFOPRO

Por Dra. Nelzair Vianna, PhD – Pesquisadora em Saúde Pública (Fiocruz)

Resumo

O estudo de Segura-Medina et al. (2019), publicado na revista Respiratory Medicine, investigou a relação entre a carga de mofo em poeira domiciliar e o controle clínico da asma em adultos residentes na cidade do México. Os resultados indicam que maior presença de fungos em ambientes internos está associada a pior controle da doença, especialmente entre homens, reforçando a importância da qualidade do ar interior (QAI) como determinante crítico da saúde respiratória.

 

1. Introdução

A asma afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo e permanece como um problema de saúde pública de grande impacto. Evidências crescentes relacionam a exposição a fungos em ambientes internos com agravamento da doença.
O estudo analisado insere-se em um contexto urbano complexo — a Cidade do México — caracterizado por alta poluição atmosférica, densidade populacional elevada e residências com vulnerabilidades estruturais, fatores que podem potencializar a exposição fúngica.

 

2. Metodologia

Amostra42 adultos com diagnóstico de asma
Avaliação clínicaACT (9–25 pontos) e espirometria (FEV1/FVC 38–106%)
Coleta de poeiraSuperfícies de móveis das residências
Análise laboratorialPCR quantitativo para 36 espécies fúngicas comuns (Aspergillus, Alternaria, Cladosporium, Stachybotrys, Epicoccum, etc.)
Desenho do estudoObservacional, exploratório, sem grupo controle
 

3. Resultados

ACT médio: 20,9 pontos (controle parcial da asma)
FEV1/FVC médio: 87,4%
Achado principal: homens expostos a maior carga de mofo apresentaram ACT significativamente menor.

Espécies mais associadas a desfechos negativos:
– Aspergillus fumigatus (colonização brônquica e alérgenos)
– Alternaria alternata (alergênica, exacerbações sazonais)
– Cladosporium spp. (alergia em ambientes úmidos)
– Stachybotrys chartarum (micotoxinas inflamatórias)
– Epicoccum nigrum (associado a sintomas respiratórios)

 

4. Discussão

A exposição fúngica pode comprometer o controle da asma por diferentes mecanismos: hipersensibilidade mediada por IgE, ativação da imunidade inata, inflamação crônica e produção de micotoxinas e enzimas que favorecem o remodelamento brônquico.
O estudo destacou maior impacto em homens, possivelmente por diferenças imunológicas, ocupacionais ou hormonais.
Limitações incluem amostra pequena, ausência de sorologia (IgE específica) e caráter transversal do estudo.

 

5. Conclusões

– A carga de mofo domiciliar é fator relevante para o controle da asma, especialmente em contextos urbanos vulneráveis.
– O manejo clínico deve incluir intervenções ambientais (redução de umidade, ventilação, purificação do ar).
– Políticas públicas devem incorporar a qualidade do ar interior às estratégias de prevenção em saúde.
– Estudos futuros precisam incluir coortes longitudinais e medições imunológicas.

 

6. Implicações práticas

– Monitorar e reduzir a umidade em residências.
– Manter ventilação e climatização adequadas.
– Investigar espécies fúngicas em ambientes de risco.
– Incluir exposição fúngica em programas de saúde respiratória.

 

Referência

Segura-Medina P, Vargas MH, Aguilar-Romero JM, Arreola-Ramírez JL, Miguel-Reyes JL, Salas-Hernández J. Mold burden in house dust and its relationship with asthma control. Respir Med. 2019 Apr;150:74-80. doi: 10.1016/j.rmed.2019.02.014. PMID: 30961954.

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