Boletim Técnico – Janeiro/2025
Ecoquest/MOFOPRO
Por Dra. Nelzair Vianna, PhD
Pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz
Título: The effects of a novel, continuous disinfectant technology on methicillinresistant Staphylococcus aureus (MRSA), fungi, and aerobic bacteria in 2 separate intensive care units in 2 different states: An experimental design with observed impact
on health care-associated infections (HAIs)
Autores: Kimberly Trosch RN, BSN; Patricia Lawrence MS, RN, CIC; Amy Carenza BBA; Katherine
Baumgarten MD; Beth Ann Lambert MS, CIC; Nattie Leger RN, MSN, LSSBB; Lori
Berthelot RN, BSN, CIC; Melissa Woosley RN, CIC; Deborah Birx MD
Instituições:
• Clinical Affairs, ActivePure Technologies, Dallas, TX
• Department of Infection Prevention and Control, Ochsner Health Center-West Bank, Gretna, LA
• Department of Infection Prevention and Control, Lexington VA Healthcare System, Troy Bowling Campus, Lexington, KY
Publicação: 2024, American Journal of Infection Control
Introdução
As infecções associadas aos cuidados de saúde (IACS) são um dos desafios mais críticos enfrentados por hospitais, especialmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A presença de microrganismos resistentes no ar e em superfícies compromete a
segurança dos pacientes, aumenta a necessidade do uso de antibióticos e eleva os custos hospitalares.
Neste contexto, tecnologias inovadoras como a fotocatálise avançada vêm sendo estudadas como uma solução promissora para a descontaminação contínua do ambiente hospitalar. Esse processo utiliza um material semicondutor, como o dióxido
de titânio (TiO₂), ativado por luz UV para promover reações de oxidação que degradam compostos orgânicos e inativam patógenos. O resultado é um ambiente hospitalar mais seguro, com menor necessidade de intervenção manual para desinfecção.
Objetivo do Estudo
Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia da fotocatálise avançada na redução de contaminantes microbianos no ar e em superfícies hospitalares. Além disso, investigou sua aplicabilidade como uma abordagem complementar aos métodos
convencionais de desinfecção, como ventilação mecânica, filtragem HEPA e desinfetantes químicos. A segurança da tecnologia para pacientes e profissionais da saúde também foi um fator analisado, garantindo que as moléculas oxidativas geradas pelo processo não
representassem riscos.
Metodologia
O estudo foi conduzido em duas UTIs diferentes, uma em cada estado americano, comparando:
• Grupo Intervenção: UTIs equipadas com dispositivos de fotocatálise avançada.
• Grupo Controle: UTIs sem intervenção tecnológica.
Principais etapas do estudo:
• Instalação dos dispositivos de fotocatálise avançada em pontos estratégicos, incluindo dutos de ventilação e áreas críticas de circulação de ar.
• Coleta de amostras microbiológicas do ar e superfícies antes da ativação da tecnologia e em intervalos regulares ao longo de seis meses.
• Análises laboratoriais com cultura microbiológica, PCR para identificação de patógenos e espectrofotometria para compostos orgânicos voláteis (COVs).
• Avaliação estatística dos dados para medir a eficácia da tecnologia na redução de microrganismos e melhoria da qualidade do ar.
- Resultados
Os achados do estudo demonstraram:
• Redução significativa da carga microbiana no ar e em superfícies: Redução superior a 98% para Staphylococcus aureus resistente à
meticilina (MRSA). Redução de 92% para esporos fúngicos.
• Diminuição da carga de COVs em até 85%, indicando melhora na qualidade do ar e menor exposição a agentes irritantes.
• Queda de 40% nas infecções hospitalares nas UTIs que utilizaram a tecnologia, sugerindo impacto positivo na prevenção de IACS.
• Segurança comprovada, sem efeitos adversos para os pacientes ou equipe
médica expostos à tecnologia. - Relevância Científica e Aplicações
Os resultados reforçam a importância da descontaminação contínua de ambientes hospitalares e destacam a fotocatálise avançada como uma solução eficaz para o controle de infecções. A tecnologia pode ser incorporada a protocolos hospitalares para reduzir a transmissão de patógenos em UTIs e outros setores. Além dos hospitais, outras áreas podem se beneficiar dessa inovação:
• Clínicas odontológicas
• Laboratórios
• Ambientes comerciais
• Instituições de longa permanência para idosos
Conclusão
O estudo sugere que a fotocatálise avançada é uma ferramenta eficaz na redução da
carga microbiana em ambientes hospitalares. Seu uso pode complementar medidas
tradicionais de controle de infecção, promovendo maior segurança ocupacional e
melhorando as condições ambientais para pacientes e profissionais de saúde.
Recomendações Finais
• Pesquisas futuras devem avaliar a tecnologia em períodos mais longos para compreender melhor seu impacto na redução de infecções hospitalares.
• A implementação da fotocatálise avançada deve seguir protocolos rígidos para garantir sua eficácia e segurança.
• Novos estudos podem explorar a combinação da fotocatálise com outras estratégias de purificação do ar para otimizar o controle ambiental de patógenos.