Estudo Científico pode revolucionar entendimento Sobre Transmissão Aérea de Vírus em Ambientes Fechados

3 de outubro de 2024

Pesquisadores da Universidade de Maryland estão conduzindo um estudo para investigar como os vírus respiratórios, como o influenza, são transmitidos de pessoa para pessoa. Para isso, eles estão recrutando voluntários para se hospedar em um andar isolado de um hotel e se expor intencionalmente ao vírus.

Um antigo hotel em Baltimore, que já foi símbolo do luxo durante a Era do Jazz, está agora no centro de uma importante pesquisa científica. Inaugurado pouco antes da quebra da bolsa de 1929, o hotel, hoje envolto em lendas de fantasmas e histórias trágicas, serve como base para um estudo inovador sobre a transmissão de vírus respiratórios, como a gripe.

Cientistas da Universidade de Maryland utilizam um andar fechado do prédio para hospedar voluntários que participam de um experimento ousado: eles tentam rastrear como os vírus se propagam pelo ar em ambientes fechados. A pesquisa, financiada com fundos de cerca de US$ 20 milhões, vindos de instituições como o National Institutes of Health, visa esclarecer se os vírus se espalham principalmente por superfícies ou pelo ar.

Liderado pelo professor Donald K. Milton, especialista em patógenos transportados pelo ar, o estudo pode transformar a forma como lidamos com infecções respiratórias, especialmente após as lições aprendidas durante a pandemia de COVID-19. O projeto, que segue em andamento, tem o potencial de revolucionar as medidas de saúde pública no combate a doenças sazonais, como a gripe.

 

Contaminação por aerossóis

Por décadas, a visão dominante entre médicos e profissionais de saúde era de que os principais meios de transmissão de infecções respiratórias se davam pelo contato direto com superfícies contaminadas ou pela exposição a um espirro ou tosse. No entanto, a tese de que aerossóis – minúsculas partículas que permanecem suspensas no ar por longos períodos – também poderiam carregar vírus em quantidade suficiente para causar infecção colocou o pesquisador Donald K. Milton em rota de colisão com o sistema médico tradicional.

Determinado a provar seu ponto, ele desenvolveu o Gesundheit II, uma máquina capaz de capturar a respiração de pessoas infectadas e isolar vírus presentes no ar. Um estudo de 2013, publicado na *PloS Pathogens*, comprovou que o vírus da gripe podia ser capturado dessa forma e que máscaras cirúrgicas reduziam em 70% a quantidade de vírus liberados no ambiente.

Milton acredita que a resistência também se deve à relutância dos hospitais em investir na melhoria da ventilação ou em máscaras mais protetoras, além do conservadorismo que se baseia no mantra de que “é assim que sempre fizemos”.

Quando a pandemia de COVID-19 se alastrou, Milton viu com frustração seu trabalho ser inicialmente ignorado pelas autoridades de saúde, que priorizaram medidas como distanciamento social e lavagem de mãos. Mas, em março de 2020, um estudo que utilizava o Gesundheit II foi publicado na Nature Medicine, mostrando que máscaras cirúrgicas podiam bloquear o coronavírus, assim como o vírus da gripe. Esse estudo teve um impacto mundial, levando à adoção generalizada do uso de máscaras e aumentando a visibilidade do trabalho de Milton.

O Estudo

Ao contrário de ensaios anteriores conduzidos em hospitais, este estudo impõe uma quarentena rigorosa aos participantes, que permanecem isolados em seus quartos quando não estão sendo expostos intencionalmente a pessoas infectadas. A metodologia contrasta com estudos passados, que, segundo o pesquisador Donald K. Milton, falham em levar em conta a transmissão aérea e não garantem que os participantes não estivessem contraindo o vírus fora dos ambientes controlados.

Os voluntários do estudo, divididos entre infectados e receptores saudáveis, se reúnem em uma sala comum várias vezes ao dia para atividades como jogos de tabuleiro, ioga e até karaokê. A intenção é criar interações sociais normais, enquanto diferentes taxas de ventilação são rigorosamente controladas para testar o impacto do ar limpo na transmissão do vírus.

Além disso, medidas variadas são aplicadas para investigar outras possíveis rotas de infecção. Alguns participantes usam desinfetante para as mãos e protetores faciais para prevenir a exposição aos olhos, nariz e boca; outros não usam proteção, permitindo aos pesquisadores observar o papel do contato direto na transmissão do vírus. Para testar a possibilidade de infecção por toque, objetos digitais e comuns são compartilhados entre os participantes.

O estudo conta com monitoramento contínuo por meio de testes rápidos de PCR, utilizando máquinas fornecidas pelo Fundo Filantrópico Balvi, para verificar quem foi infectado. O aparato Gesundheit II mede a quantidade de vírus expelida pelos doadores infectados, enquanto o sequenciamento molecular do Instituto Nacional de Saúde (NIH) analisa as cepas virais envolvidas.

A equipe médica, liderada por Wilbur Chen, professor e especialista em doenças infecciosas, acompanha de perto a saúde dos participantes. Paralelamente, Don Devoe, professor de engenharia mecânica, coordena o desenvolvimento de novas tecnologias para analisar vírus transmitidos pelo ar, em busca de respostas sobre como a gripe se espalha e quais medidas são mais eficazes para preveni-la.

Conclusão

O estudo do professor Donald K. Milton é relevante por vários motivos. Ele visa abordar uma lacuna existente em pesquisas anteriores sobre a transmissão de vírus, especialmente em relação à gripe. Enquanto muitos estudos focaram na transmissão por contato direto ou por gotículas grandes expelidas em espirros e tosse, este experimento coloca ênfase na transmissão aérea, ou seja, a possibilidade de o vírus ser disseminado por meio de aerossóis — partículas menores que podem permanecer suspensas no ar por longos períodos.

A relevância principal está em fornecer evidências concretas sobre como o ar limpo e as condições de ventilação podem influenciar a transmissão de doenças respiratórias, algo que poderia transformar práticas de saúde pública e protocolos de prevenção em espaços fechados. Isso é particularmente importante no contexto de pandemias, como a da COVID-19, onde a transmissão aérea foi um ponto de controvérsia no início.

 

Fonte: https://terp.umd.edu/welcome-to-the-hotel-influenza

Logo Ecoquest

A Ecoquest

Somos uma empresa com ampla experiência em soluções para tratamento do ar interno e do ar de exaustão, construindo histórias de sucesso em diferentes segmentos do mercado.

Artigos Relacionados

Mofo e Saúde Mental: Como a Umidade Residencial Afeta Nosso Bem-Estar Psicológico

Exposição ao mofo pode causar insônia e distúrbios do sono

Norovírus, causador de virose no litoral, também se espalha pelo ar e superfícies

Inscreva-se em Nossa Newsletter

Ao se inscrever você concorda com os termos da Política de Privacidade